sábado, 23 de novembro de 2013

Destino...

Lia-me de longe, quase sem ver,
Pausava-me às vírgulas para melhor entender,
Curiosamente fitava-me o papel,
Letra pós letra, na Terra ou no Céu,

O Sol lhe escapava, e ao entardecer,
Andava pelo mundo querendo apenas esquecer,
Descuidadamente, mas tal qual cinzel,
Esculpia a imagem de um vago donzel,

Que no exaltar de emoções o sufoquei,
Tamanha tropelia dentro de mim, chorei,
Para não desonrar a desventura de minha sina,

Massa de papel me transformei,
Com o fardo do que para sempre serei,
Palavra apática e Verso sem rima...

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

...Pra qualquer um...

Em armadura translúcida se esconde,
Por trás do vento e de todo o mais puro olhar,
Acalmando e acariciando espíritos,

Não se sabe exatamente onde, mas ali...

Sendo o mais importante entre todos,
Movimentando-se em espaços cheios e vazios,
Suavizando o ar de todo o mais belo azul,
Flutuando entre o infinito...

A clareza de todos os dias,

O iluminar das amizades determinadas,
A plantação de folclores e mitos,
Esconde-se em silêncio, sem ter porquê...

O movimento mais belo,
Os sorrisos lançados sem motivo,
A felicidade que existe para fazer feliz,
Mesmo assim, fugindo ao comum, ali...

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Talvez...

Mas...e se de repente, como o som
que faz um alfinete ao precipitar,
diante de nós surgir um sentimento?
Como iremos lidar com algo que sem cor
pinta tudo de um colorido indecifrável,
e deixa surgir imagens na tela da vida
jamais vistas, e que jamais desaparecerão?

Talvez soubesse exatamente o que fazer
com tudo isso, talvez com um pincel 
fosse capaz de auxiliar toda essa obra
de arte, ou tentasse desenhar o caminho
por entre ela, para que você andasse.

Ou quem sabe pudesse te guiar no meio disso,
com o som da minha voz, até se achegar a mim,
de sussurro em sussurro você se aproximaria,
ouviria mais que minha voz, mas as batidas,
estas do meu coração que são suas...

No entanto, tudo aquilo que é meu, e é seu,
fez um muro onde toda essa arte se acoplaria,
não por minha vontade, mas lá,
secando por entre pregos e moldura,
estancou a tinta dos sentimentos
num quadro não terminado por nós.

Quem sabe o tempo com seus desatinos,
a rebeldia das paixões joviais,
ou mesmo uma tempestade venha a
desatar da parede aquilo que é vivo,
um super herói cansado de ver desabar
as gotas da dor, retire seus óculos e termine
com o desespero das almas que sofrem...

O senhor do Tempo viesse por nós,
erguesse no patamar de montes longínquos
seu cajado e de lá, sem restrições,
mudasse todo esse emaranhado de ideias
que nos mantém distantes um do outro.

Mas o mesmo senhor do Tempo faria desaparecer
toda a história pintada na tela, tudo o que foi feito,
simplesmente seria sumiço, e negação.
Vida que segue sem conhecimento do que nem foi,

das coisas que poderiam, e descoloridas ficaram,
sugadas pela própria esquizofrenia da correção,
e da mente que nem se abriu, o isolamento de não ser...

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Etéreo...

E num sopro desastrado te encontrar,
Passando de um lado para o outro,
Vindo, voltando, e saindo de lá,
Atroz e cheio de energia no caminho...

Assim, como num rio onde nada vemos,
Como no caminho para o horizonte,
Velas içadas e sem remo,
Bússola quebrada e sem estrelas...

Talvez teimosia do orgulho que nasceu,
Ou distração de entusiasmo progredindo,
Numa flor que desabrocha pro fruto,
O desconhecido vindo se mostrar...

Mas ele demora e ignora minha pressa,

Faz birra e desaparece sem eu saber,
Não atira para qualquer lado, nem pro meu,
Pode ser que para o Futuro, ou para Mim.

Encontros...

Abraço apertado e suave
desfazendo um dia normal,
Sorriso deslocado que sorri pra mim,
Alegria de sorrir de volta...

Sinceridade na vermelhidão,
Respirar mais pesado,
Medo de assustar de tanto,
do quanto...

Não saber exatamente o que dizer,
Dizer exatamente o que nem sabe,
Olhar nos olhos e desviar,
No final só abraçar,
Abraçar você...

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Null...

Primeiro foi aspirar, veio simples e tranquilo, parecia já tê-lo conhecido há muito tempo, talvez quando criança. Depois o momento de celebração no qual ele fazia parte de mim, tão uniformes quanto parecem unidas duas peças de quebra-cabeças que se encaixam perfeitamente, ou mesmo duas mãos de dedos entrelaçados, como se nada mais fosse o certo senão aquilo. E por fim, a hora do adeus, quando diante de mim surgia a necessidade de viver, e a incapacidade de deixar que vá aquilo que tão vida é quando o falecimento, por insolência. Foi-se e nada mais restou, apenas eu, com olhos sombrios, desajeitados e agoniados em si próprios, nada mais além do vestígio do que um dia fora, e não mais é. Não houve arrependimento algum, porque se o arrependimento sequer passasse por probabilidade, se esse vilão pavoroso estivesse em qualquer momento intrínseco ao que houve e não há, se estivesse apenas soprando...Não houve, e nem haverá, distante de possíveis aproximações, alheio ao subentendido, apenas o não.